segunda-feira, 25 de abril de 2011

aff

Podemos traduzir o termo bulling com palavras que ressoam mais claramente entre nós e que nos aproximam mais de nossa cultura e então teremos o  novo nome da humilhação, do desrespeito do constrangimento,  da tirania de um sobre o outro. Enfim, o outro nome da violência e de sua exacerbação.
Em se tratando, em menor ou maior grau,  de um ato de violência de um para com o outro vamos encontrar ressonância entre alguns autores importantes da filosofia, da sociologia, o da psicanálise
No campo da filosofia, Hannah Arendt concebe a violência comoCRIAÇÂO. Como algo que emerge nos humanos diante  da anulação da capacidade de agir . Diante da falta de consenso. Do excesso de mando de uns sobre outros.
O sociólogo Emilie Durkhein, fala da ausência de valores, da desintegração das normas e da lei na modernidade. Que tem como resultado uma ANOMIA. Ausência de referenciais identificatórios. Falta de lugar, Invisibilidade.
Em Freud vamos encontrar o conceito de MAL- ESTAR do sujeito diante de sua incompletude. A violência  pode se colocar então como uma resposta ao mal estar, como solução frente a dor de existir de cada um. É possível lidar com esse mal- estar tanto de forma sublime como destrutiva.
Sendo assim podemos concluir que: o ato violento, a humilhação ao outro, o desrespeito e a violência podem então ser entendidos como respostas, saídas que o sujeito inventa para fazer frente a uma situação de desamparo. Uma tentativa da criança ou do adolescente, até mesmo do adulto de anular o que imaginariamente ou concretamente o oprime, o impede de existir. Dar- se um nome, um lugar, ter visibilidade na sociedade, afastar o mal-estar inerente a toda criatura humana.
A Escola de  hoje
Nas Escolas de hoje, estamos ficando cada vez mais longe do conceito de agressividade, considerado pela psicanálise como um movimento do sujeito de se separar do outro. Descolar-se do outro, se diferenciar do outro é um movimento ´saudável de toda criança em crescimento. Estamos ficando longe também do acerto de contas,das pastas lançadas na praça depois das aulas, da roda da briga depois de uma desqualificação feita por um aluno a um outro dentro das dependências da escola.
E muito perto da violência como passaporte para existir. Da máxima de Descartes “Penso, logo existo” que valorizou nossa existência e capacidade de construir passamos ao “Tenho logo sou” da sociedade contemporânea do consumo e do espetáculo. Na verdade estamos, frente a carência de mecanismos, instrumentos e dispositivos civilizatórios, mais próximos da aniquilação do Outro. Convivendo com uma exacerbação do narcisismo na sociedade de consumo e da prova de poder perdido, do que de tentativas saúdáveis de diferenciação do outro que se manifesta na agressividade na infância e na juventude.
Que tratamento, que soluções teríamos para o enfrentamento da questão?
Inicialmente temos que nos perguntar sobre o que tem levado nossas crianças e nossos jovens a uma crescente indisposição e intolerância com relação ao Outro. Temos que nos perguntar sobre que espaços crianças e jovens tem tido, ou lhes é oferecido para falar desse Mal Estar frente ao Outro, da ausência de lugar na sociedade, à invisibilidade, à insatisfação que concerne ao simples fato de existir.
Que lugar tem tido a palavra e manifestações criativas e culturais, como elementos civilizatórios, em nossas vidas e em nossas instituições de ensino? No lugar de testes, diagnósticos e da medicalização?
Entendemos que um tratamento possível da violência deva se dar pela palavra. Na medida em que a violência em suas várias facetas e nomes invadem os espaços privados, as telas das tvs, a internet as escolas e as ruas é preciso e na mesma medida, criar-se espaços para escutar humilhados e quem humilha, de onde a violência vem e a que ela responde. A violência se coloca exatamente ali onde a palavra não pode ser dita ou não foi escutada.
E ainda nos perguntar?
Que lugar tem a educação, a qualificação e o professor em nossa sociedade? Ex. as greves de professores recentes em Minas e a vergonhosa remuneração que sempre foi oferecida à eles.
Que lugar teve e tem o ensino da Ética e da Filosofia em nossas escolas?
O que a mídia tem ensinado as nossas crianças e adolescentes? Exemplo recente desse ensinamento está na propaganda  de uma marca de energético  divulgada  amplamente nas redes  de TV e pela internet. Onde um simples desenho animado denominado “Porcos com Asas” é capaz de incitar uma criança ao uso de drogas e de armas, a transgressão das normas,  à desqualificação da função materna e  exacerbação de sua sexualidade.

sábado, 16 de abril de 2011

vixi

Bullying entre crianças


Bullying entre crianças
Quem nunca sofreu algum tipo de piada de mau gosto, ou alguma brincadeira estúpida por colegas na escola, esses tipos de atitudes têm nome é Bullyng que ainda não foi traduzido para o português, mas de certa forma significa briguento, valentão, encrenqueiro, aquele que persegue os colegas de escola, e sempre a vitima é a mesma pessoa, que sofre com angústia, exclusão e ainda pode desenvolver traumas psicológicos.
Toda atitude que for considerada agressiva, intencional e repetitiva para com uma pessoa inocente é considerada como Bullying, essas atitudes devem ser banidas principalmente das escolas, uma pesquisa feita mostrou que a maioria dos jovens que se suicidaram sofreu algum tipo de Bullying geralmente na escola. Quem se submete com atitudes como o Bullying acredita que é uma forma de alcançar “status” dentro do seu circulo social, impondo respeito, com intimidações e agressões.
O risco para quem tem atitudes grosseiras para com as outras pessoas, é de se tornar um adulto violento e com distúrbios mentais, muitas pessoas assim são comparadas aos psicopatas. Para quem sofre com as perseguições o trauma psicológico pode ser tão grande a ponto de desenvolver a depressão, a pessoa se torna insegura, incapaz, solitária e melancólica. Por isso esse tipo de atitude deve ser evitado ao máximo em grupos sociais, e toda criança deve ter o acompanhamento de um adulto para supervisionar todos os atos, sempre indicando com atos solidários, carinhosos com muito respeito.

ajuda

Combate a Bullying na escola

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O Bullying é a prática da violência entre os estudantes, eles não respeitam o ambiente escolar e acabam partindo para a agressividade por motivos banais. Esse tipo de problema tem preocupado os educadores, que não sabem exatamente como lidar com a situação.
O Bullying acontece tanto na infância como na adolescência, resultando em agressões físicas e verbais. Quanto mais precoce for contido esse problema de comportamento, melhor será a reabilitação em sociedade desse individuo. Por isso é mais fácil instruir as crianças do que os jovens que já possuem uma postura rebelde típica da idade.
As escolas precisam organizar projetos para combater o avanço do Bullying, investindo em palestras que mostrem a gravidade desse tipo de violência dentro da sociedade. Investindo na expansão desse assunto, o ambiente escolar tende a melhorar significativamente.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

uau!


'É responsabilidade da escola combater o bullying'

Especialista americana diz que leis não são suficientes para evitar a prática

Nathalia Goulart
É responsabilidade da escola combater o bullying, diz especialista
(Thinkstock)
"Muitos acreditam que, porque o bullying é praticado por crianças, ele é menos impactante. E que porque são crianças, precisam passar por esse tipo de provação para serem mais fortes no futuro – isso é um mito."
Marlene Snyder, especialista
O passado de isolamento e ausência de amigos alimentam suspeitas de que Wellington Menezes de Oliveira, o jovem de 24 anos que invadiu a escola em Realengo deixando um rastro de 12 mortes, tenha sofrido bullying. A desconfiança fortalece o debate sobre os meios de que a sociedade dispõe para evitar que personagens como Oliveira sejam cultivados dentro da escola. Nos Estados Unidos, os anos que se seguiram à tragédia na Columbine High School foram de investimento em prevenção à violência, entre elas, o bullying. O Brasil ainda engatinha na discussão sobre o tema. A tragédia da quinta-feira reacende a discussão: qual o papel da escola no combate a essa prática que deixa marcas tão duradouras? O site de VEJA conversou com a especialista americana Marlene Snyder, diretora de desenvolvimento do programa anti-bullying do Instituto Olweus, piorneiro no estudo e na prevenção dessa prática nos Estados Unidos. Confira os principais trechos da entrevista:
Qual o papel da escola no combate ao bullying? Mesmo quando o bullying acontece fora da sala de aula, a escola têm responsabilidade, porque os desdobramentos dessa prática estarão presentes no comportamento dos alunos. Nesse processo, o relacionamento professor-aluno é fundamental. É por meio desse canal que o bullying pode ser identificado. Mas para isso, os docentes precisam estar treinados. Eles precisam entender que o bullying acontece a qualquer momento e com qualquer aluno. Um estudo que realizamos apontou que 17% dos estudantes americanos sofreram bullying dentro da escola. Isso significa quase um em cada cinco jovens.
Podemos dizer que, nesse combate, a escola é mais importante que os pais? Sim. Sustentados pelas nossas pesquisa, sabemos que é muito mais provável que o bullying aconteça dentro das escolas, durante aquele período em que as crianças são confiadas aos cuidados de professores e da direção. Nesse sentido, as escolas têm um poder maior que os pais em identificar e combater essa prática.
Atualmente fala-se muito em bullying e toda a violência que acontece dentro da escola é classificada como tal. Como identificar quando realmente trata-se de uma prática de bullying? Bullying é puro abuso. É quando a pessoa é exposta repetidamente a ações negativas por parte de uma ou mais pessoas e ela tem dificuldades em se defender. Entre essas ações estão xingamentos, disseminação de falsos rumores, exclusão social ou isolamento, agressões físicas e discriminações raciais ou sexuais. Todas essas práticas podem contar com a ajuda da internet - o que chamamos de cyberbullying.
Leis anti-bullying são eficazes no combate a essa prática? Respondo a essa pergunta com outra pergunta: essas leis são bem feitas? E em que medida elas auxiliam a escola a lidar com o bullying? Pergunto isso porque aqui nos Estados Unidos, 45 de nossos 50 estados possuem leis que visam combater o bullying, mas em muitos casos a lei é ineficiente porque determina apenas que a escola tenha em seu programa políticas anti-bullying. O problema é que elas ficam no papel, não são colocadas em prática. O que precisa é que os professores sejam treinados, que entendam o que é, quais as manifestações e quais as consequências do bullying. Assim, poderão transformar em ativa a atitude passiva quem mantêm frente a um problema tão grave. Mesmo bem feita, nenhuma lei será capaz de erradicar o bullying, assim como nenhuma lei é capaz de combater todos os roubos, por exemplo. Mas elas chamam a atenção e preparam a sociedade para lidar com o problema.
E quanto a leis que multam as escolas que se mantêm passivas frente ao bullying? As leis que prevêem multas ou indenizações são eficazes na medida em que chamam a atenção da escola para o problema. Há cerca de 10 anos, elas foram implementadas em algumas regiões dos Estados Unidos, onde as escolas eram multadas em cerca de 10.000 ou 15.000 dólares e hoje vemos casos que chegam a milhões de dólares. Isso serve de alerta para as escolas: o custo-benefício da prevenção é muito maior do que o pagamento de uma multa ou indenização.
Quais são os maiores mitos que envolvem o bullying? Muitos acreditam que, porque o bullying é praticado por crianças, ele é menos impactante. E que porque são crianças, precisam passar por esse tipo de provação para serem mais fortes no futuro – isso é um mito. Outra inverdade é que acredita-se que a pessoa que pratica bullying, o faz por sentir-se infeliz consigo mesma. Em todos esses anos de pesquisas, concluímos que os praticantes têm uma autoestima elevada. O que eles desejam é projetar seu poder sobre alguém que, por alguma razão, não dispõe de meios para se defender.
Quem pratica o bullying tende a ser estigmatizado. Como tratá-los corretamente? Em nosso programa de combate ao bullying não rotulamos ninguém. Isso porque existem oito diferentes papeis que uma pessoa pode desempenhar durante uma situação de bullying. Existe quem pratica, quem se mantém passivo, quem incentiva ações negativas mas não participa delas, e assim por diante. Por isso, em cada contexto, uma pessoa pode assumir um papel distinto. A solução é trabalhar com cada situação particular e analisar se existe um padrão de conduta que se repete. A partir daí, desenvolvemos atividades que possam reverter esse comportamento. Mas trabalhamos com esse aluno dentro da escola. Ao contrário do que muitos pensam, expulsá-lo é contra-producente. Se o expulsamos, para onde ele vai? Ele vai para a rua e aprende coisas ainda piores. Então, trabalhamos muito próximos a ele, oferecendo subsídios e possibilitando mudanças.
O prática de bullying começa em casa? O que acontece é um reflexo. Se a criança é tratada com gritos, tapas ou presencia cenas de violência em casa, ela acredita que esse tipo de comportamento funciona. E, por isso, repete esse comportamento na escola.
Combater o bullying é uma missão impossível? Estou certa de que as crianças querem apenas uma oportunidade para aprender a tratar bem seus colegas. Se é difícil tratar o bullying? Sim, é uma tarefa dura, que exige empenho e comprometimento, mas sou muito otimista. Acredito que se os adultos estiverem dispostos a conversar com as crianças e escutá-las sobre suas preocupações, será fácil criar um ambiente harmonioso. E quanto mais cedo começarmos a conversar, melhor.
A senhora estuda o bullying há quase duas décadas. O que mudou durante esse período? A grande mudança foi a atenção que a sociedade deu para o tema. O bullying hoje já é visto como um problema de saúde pública. Também acumulamos mais conhecimento. Hoje sabemos que aqueles que praticam ou sofrem bullying carregam sequelas físicas e mentais e que quem sofre bulying tem um desempenho acadêmico menor e tende a não gostar do ambiente escolar. Por isso, são mais propensos a abandonar os estudos. Na outra extremidade, aqueles que praticam bullying têm mais chances de se envolver em crimes. Ou seja, combater o bullying é também combater o crime. Por outro lado, vemos também que a sociedade mudou. Os pais estão cada vez mais longe de casa, envolvidos em longas jornadas de trabalho enquanto os jovens estão cada vez mais apegados a video-games, computadores, etc. Tudo isso torna a prevenção ainda mais necessária.

comentem!

Projeto de lei poderá ajudar a combater bullying







Pais poderão ficar mais tranquilos com a violência dentro de escolas e filhos vítimas de bullying após aprovação de um projeto de lei. Aguardando votação pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senad o projeto do senador Gim Argello (PTB-DF) pretende incluir que os estabelecimentos de ensino promovam um ambiente escolar seguro com estratégias de prevenção e combate a intimidações e agressões.

Se aprovada a lei, ações educacionais deverão ser feitas nas escolas com o objetivo de controlar as agressões e não prevendo punições aos estudantes. O grande diferencial é detalhar as ações dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. “É uma proposta que deveria ser votada em caráter de urgência pelos nossos senadores”, diz a tutora Emileide da Costa.

Antes que o projeto funcione, municípios brasileiros tiveram que combater o bullying com ações internas. Prefeituras e estados criaram na casa de leis, penalizações e até indenização para quem é vítima de uma violência. No caso de São Paulo, uma lei desde 2009 determina que as escolas públicas da educação básica do município deverão incluir em seu projeto pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar. Na lei consta ainda promoção de ações de prevenção e combate ao bullying, capacitação dos professores e orientação das vítimas priorizando a autoestima do jovem.

No Rio de Janeiro, uma lei aprovada ano passado, prevê punição das escolas que não denunciarem funcionários e alunos que praticarem o bullying. Já em Belo Horizonte, não é diferente, dois projetos de lei foram recentemente aprovados como objetivo impedir trotes violentos e bullying, além da conscientização das famílias e das escolas quanto ao problema.

triste

Pessoal,eu tenho uma amiga  e nao sei se parou,mais ela me contou que chamavam ela de cabelo de miojo!!!!!ela ficou muito triste com isso e ameaçou contar pra coordenadora se eles nao parassem.




o pessoal ficou com medo e parou de zombar dela!
que sorte!!

sigam o blog e ajudem a combater o bullying

até + gente

quinta-feira, 14 de abril de 2011

  Brigas, ofensas, disseminação de comentários maldosos, agressões físicas e psicológicas, repressão. A escola pode ser palco de todos esses comportamentos, transformando a vida escolar de muitos alunos em um verdadeiro inferno.

     Gislaine, aluna da 2ª série, de oito anos, estava faltando frequentemente à escola. Quando comparecia, chorava muito e não participava das aulas, alegando dores de cabeça e medo. Certo dia, alguns alunos procuraram a professora da turma dizendo que a garota estava sofrendo ameaças. Teria que dar suas roupas, sapatos e dinheiro para outra aluna, caso contrário apanharia e seria cortada com estilete. 

     Carlos, da 5ª série, foi vítima de alguns colegas por muito tempo, porque não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de gay nas aulas de educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a abrigar pensamentos suicidas, mas antes queria encontrar uma arma e matar muitos dentro da escola.

     Os casos descritos acima são reais e revelam a agressão sofrida por crianças dentro da escola, colhidos e narrados por Cleo Fante como parte de uma pesquisa sobre a violência nas escolas, publicados em seu livro “Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz”. Esses e muitos outros casos de agressões e violências entre os alunos desde as séries iniciais até o ensino médio, demonstram uma realidade assustadora que muitos desconhecem, ou não percebem, trazendo à tona a discussão sobre o fenômeno bullying, o grande vilão de toda essa história. Mas o que é? Quais as causas? Como prevenir?

Significado do termo

     A palavra bullying é derivada do verbo inglês bully que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também adota aspecto de adjetivo, referindo-se a “valentão”, “tirano”. Como verbo ou como adjetivo, a terminologia bullying tem sido adotada em vários países como designação para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “brincadeiras” maldosas e intimidadoras.

Desconhecimento e indiferença

     Estudos indicam que as simples “brincadeirinhas de mau-gosto” de antigamente, hoje denominadas bullying, podem revelar-se em uma ação muito séria. Causam desde simples problemas de aprendizagem até sérios transtornos de comportamento responsáveis por índices de suicídios e homicídios entre estudantes.
     Mesmo sendo um fenômeno antigo, mantém ainda hoje um caráter oculto, pelo fato de as vítimas não terem coragem suficiente para uma possível denúncia. Isso contribui com o desconhecimento e a indiferença sobre o assunto por parte dos profissionais ligados à educação. Pode ser manifestado em qualquer lugar onde existam relações interpessoais.

Conseqüências marcantes

     As conseqüências afetam a todos, mas a vítima, principalmente a típica (ver quadro), é a mais prejudicada, pois poderá sofrer os efeitos do seu sofrimento silencioso por boa parte de sua vida. Desenvolve ou reforça atitude de insegurança e dificuldade relacional, tornando-se uma pessoa apática, retraída, indefesa aos ataques externos.
     Muitas vezes, mesmo na vida adulta, é centro de gozações entre colegas de trabalho ou familiares. Apresenta um autoconceito de menos-valia e considera-se inútil, descartável. Pode desencadear um quadro de neuroses, como a fobia social e, em casos mais graves, psicoses que, a depender da intensidade dos maus-tratos sofridos, tendem à depressão, ao suicídio e ao homicídio seguido ou não de suicídio.
     Em relação ao agressor, reproduz em suas futuras relações, o modelo que sempre lhe trouxe “resultados”: o do mando-obediência pela força e agressão. É fechado à afetividade e tende à delinqüência e à criminalidade. 
     Isso, de certa maneira, afeta toda a sociedade. Seja como agressor, como vítima, ou até espectador, tais ações marcam, deixam cicatrizes imperceptíveis em curto prazo. Dependendo do nível e intensidade da experiência, causam frustrações e comportamentos desajustados gerando, até mesmo, atitudes sociopatas.

O papel da educação

     A educação do jovem no século XXI tem se tornado algo muito difícil, devido à ausência de modelos e de referenciais educacionais. Os pais de ontem, mostram-se perdidos na educação das crianças de hoje. Estão cada vez mais ocupados com o trabalho e pouco tempo dispõem para dedicarem-se à educação dos filhos. Esta, por sua vez, é delegada a outros, ou em caso de famílias de menor poder aquisitivo, os filhos são entregues à própria sorte.
     Os pais não conseguem educar seus filhos emocionalmente e, tampouco, sentem-se habilitados a resolverem conflitos por meio do diálogo e da negociação de regras. Optam muitas vezes pela arbitrariedade do não ou pela permissividade do sim, não oferecendo nenhum referencial de convivência pautado no diálogo, na compreensão, na tolerância, no limite e no afeto.
     A escola também tem se mostrado inabilitada a trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos, reproduzindo muitas vezes a educação doméstica, seja por meio dos maus-tratos, do conformismo, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações interpessoais.
     Os professores não conseguem detectar os problemas, e muitas vezes, também demonstram desgaste emocional com o resultado das várias situações próprias do seu dia sobrecarregado de trabalhos e dos conflitos em seu ambiente profissional. Muitas vezes, devido a isso, alguns professores contribuem com o agravamento do quadro, rotulando com apelidos pejorativos ou reagindo de forma agressiva ao comportamento indisciplinado de alguns alunos.

O que a família pode fazer?

     Não há receita eficaz de como educar filhos, pois cada família é um mundo particular com características peculiares. Mas, apesar dessa constatação, não se pode cruzar os braços e deixar que as coisas aconteçam, sem que os educadores (primeiros responsáveis pela educação e orientação dos filhos e alunos) façam algo a respeito.
     A educação pela e para a afetividade já é um bom começo. O exercício do afeto entre os membros de uma família é prática primeira de toda educação estruturada, que tem no diálogo o sustentáculo da relação interpessoal. Além disso, a verdade e a confiabilidade são os demais elementos necessários nessa relação entre pais e filhos. Os pais precisam evitar atitudes de autoproteção em demasia, ou de descaso referente aos filhos. A atenção em dose certa é elementar no processo evolutivo e formativo do ser humano.

O que a escola pode fazer?

     Em relação à escola, em primeiro lugar, deve conscientizar-se de que esse conflito relacional já é considerado um problema de saúde pública. Por isso, é preciso desenvolver um olhar mais observador tanto dos professores quanto dos demais profissionais ligados ao espaço escolar. Sendo assim, deve atentar-se para sinais de violência, procurando neutralizar os agressores, bem como assessorar as vítimas e transformar os espectadores em principais aliados.
     Além disso, tomar algumas iniciativas preventivas do tipo: aumentar a supervisão na hora do recreio e intervalo; evitar em sala de aula menosprezo, apelidos, ou rejeição de alunos por qualquer que seja o motivo. Também pode-se promover debates sobre as várias formas de violência, respeito mútuo e a afetividade tendo como foco as relações humanas.
     Mas tais assuntos precisam fazer parte da rotina da escola como ações atitudinais e não apenas conceituais. De nada valerá falar sobre a não-violência, se os próprios profissionais em educação usam de atos agressivos, verbais ou não, contra seus alunos. Ou seja, procurar evitar a velha política do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

Ações exemplares

     Há diversos exemplos claros de ação eficiente contra o bullying no espaço escolar. Uma delas é o programa “Educar para a paz”, criado e desenvolvido por Cleo Fante e equipe, que trabalha com estratégias de intervenção e prevenção contra a violência na escola. Além disso, também existem sites sobre o assunto como que visam a alertar e informar profissionais e pais no combate ao bullying. Destaca-se o trabalho da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Criança e ao Adolescente, com os sites: www.abrapia.org.br e www.bullying.com.br




Características de bullying

     Segundo Cleo Fante, no livro “Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz”, os atos de bullying entre alunos apresentam determinadas características comuns:

• Comportamentos deliberados e danosos, produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma mesma vítima;
• Apresentam uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima;
• Não há motivos evidentes;
• Acontece de forma direta, por meio de agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger);
• De forma indireta, caracteriza-se pela disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social.


Os protagonistas do bullying

     A vítima pode ser classificada, segundo pesquisadores, em três tipos:

• Vítima típica: é pouco sociável, sofre repetidamente as conseqüências dos comportamentos agressivos de outros, possui aspecto físico frágil, coordenação motora deficiente, extrema sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa auto-estima, alguma dificuldade de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. Sente dificuldade de impor-se ao grupo, tanto física quanto verbalmente.

• Vítima provocadora: refere-se àquela que atrai e provoca reações agressivas contra as quais não consegue lidar. Tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada, mas não obtém bons resultados. Pode ser hiperativa, inquieta, dispersiva e ofensora. É, de modo geral, tola, imatura, de costumes irritantes e quase sempre é responsável por causar tensões no ambiente em que se encontra.

• Vítima agressora: reproduz os maus-tratos sofridos. Como forma de compensação procura uma outra vítima mais frágil e comete contra esta todas as agressões sofridas na escola, ou em casa, transformando o bullying em um ciclo vicioso.

     O agressor pode ser de ambos os sexos. Tem caráter violento e perverso, com poder de liderança, obtido por meio da força e da agressividade. Age sozinho ou em grupo. Geralmente é oriundo de família desestruturada, em que há parcial ou total ausência de afetividade. Apresenta aversão às normas; não aceita ser contrariado, geralmente está envolvido em atos de pequenos delitos, como roubo e/ou vandalismo. Seu desempenho escolar é deficitário, mas isso não configura uma dificuldade de aprendizagem, já que muitos apresentam nas séries iniciais rendimento normal ou acima da média.

     Espectadores são alunos que adotam a “lei do silêncio”. Testemunham a tudo, mas não tomam partido, nem saem em defesa do agredido por medo de serem a próxima vítima. Também nesse grupo estão alguns alunos que não participam dos ataques, mas manifestam apoio ao agressor.


Como identificar os envolvidos?

     De acordo com as indicações de Dan Olweus, psicólogo norueguês da Universidade de Bergen e importante pesquisador sobre o assunto, para que uma criança ou adolescente seja identificado como vítima ou agressor, pais e professores precisam ter atenção se o mesmo apresenta alguns comportamentos:

VÍTIMA

Na escola
• Durante o recreio está freqüentemente isolado e separado do grupo, ou procura ficar próximo do professor ou de algum adulto;
• Na sala de aula tem dificuldade em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro ou ansioso;
• Nos jogos em equipe é o último a ser escolhido;
• Apresenta-se comumente com aspecto contrariado, triste, deprimido ou aflito;
• Desleixo gradual nas tarefas escolares;
• Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada, de forma não-natural;
• Falta às aulas com certa freqüência;
• Perde constantemente os seus pertences.

Em casa
• Apresenta, com freqüência, dores de cabeça, pouco apetite, dor de estômago, tonturas, sobretudo de manhã;
• Muda o humor de maneira inesperada, apresentando explosões de irritação;
• Regressa da escola com as roupas rasgada ou sujas e com o material escolar danificado;
• Desleixo gradual nas tarefas escolares;
• Apresenta aspecto contrariado, triste deprimido, aflito ou infeliz;
• Apresenta contusões, feridas, cortes, arranhões ou estragos na roupa;
• Apresenta desculpas para faltar às aulas;
• Raramente possui amigos, ou se possui, são poucos os que compartilham seu tempo livre;
• Pede dinheiro extra à família ou furta;
• Apresenta gastos altos na cantina da escola.

AGRESSOR

Na escola
• Faz brincadeira ou gozações, além de rir de modo desdenhoso e hostil;
• Coloca apelidos ou chama pelo nome e sobrenome dos colegas, de forma malsoante;
• Insulta, menospreza, ridiculariza, difama;
• Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga;
• Incomoda, intimida, empurra, picha, bate, dá socos, pontapés, beliscões, puxa os cabelos, envolve-se em discussões e desentendimentos;
• Pega materiais escolares, dinheiro, lanches e outros pertences dos outros colegas, sem consentimento.

Em casa
• Regressa da escola com as roupas amarrotadas e com ar de superioridade;
• Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com pais e irmãos, chegando a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física;
• É habilidoso para sair-se bem em “situações difíceis”;
• Exterioriza ou tenta exteriorizar sua autoridade sobre alguém;
• Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem.

caramba!que perigo


Crianças [Arquivo]
Um grupo de psicólogos criou um site para ajudar vítimas violência escolar, ou seja, bullying. O serviço é gratuito e confidencial. A ideia é colocar os adolescentes em contacto com especialistas.

Entre perseguições, mensagens intimidatórias e agressões físicas, ir à escola tornou-se um pesadelo para Beatriz. Dois meses depois da história de bullying da adolescente de 14 anos ter chocado o país, o cenário já não é de guerra aberta. Mas há feridas por sarar.

Insegurança, problemas de auto-estima... O bullying não é uma brincadeira. E foi para ajudar adolescentes como Beatriz, que um grupo de psicólogos criou o portal bullying. O projecto conta com 20 psicólogos espalhados por todo o país. O sigilo é garantido.

Outro dos objectivos é prevenir para não ter que remediar. Quanto mais cedo houver um pedido de ajuda, melhor.

As marcas podem durar até à idade adulta. O último estudo feito em Portugal revela que 40 por cento dos adolescentes já estiveram envolvidos numa situação de bullying, tenha sido como vítima, agressor ou espectador.

site

 idéia de fazer um site sobre bullying surgiu do desejo de trazer o assunto para uma discussão mais democrática, em que um grande número de pessoas pudesse participar.  Além disto, como estudiosa do assunto já há algum tempo, quero partilhar meu conhecimento. 
Aqui pretendo utilizar uma linguagem simples, de fácil entendimento, para que esta estranha palavra BULLYING possa ser compreendida com facilidade.
Estamos iniciando, as ideias pipocam e aos poucos estarão aí para todos.
Com o passar do tempo, achei interessante inserir também alguns textos, poesias, frases, que possam servir como temas de reflexão com alunos.  Muitos são de autores e poetas que não têm nenhuma ligação com o tema bullying mas que considero ótimos deflagradores de discussão.
Venho incluindo também trechos de livros e artigos que tratam de bullying como material de pesquisa.  Nossa bibliografia em português ainda é pequena, portanto a maioria deste material é traduzida, principalmente de livros americanos e australianos.
Sejam bem-vindos!



  • Bullying não é nada legal ou divertido, algo muito ruim, que acontece geralmente nas escolas entre colegas; xingamentos ou agressões são formas de bullying.
    Pode trazer um trauma muito forte, com brincadeiras indevidas.

    O que é BULLYING?

    Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesabully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.

    "É uma das formas de violência que mais cresce no mundo", afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz (224 págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868 ). Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
    Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podesm apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

    O que é BULLYING?