terça-feira, 17 de maio de 2011

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ões
ões interpessoais;
Ø
ões contra o patrimônio;
Ø
ões estranhas ao ambiente
escolar.

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Este é um problema que afeta as nossas escolas, comunidades e toda a sociedade. Existe violência moral, intimidação ou bullying nas escolas de todos os países. O certo é que este comportamento não está restrito a nenhum tipo de instituição. Além disso, a única forma de evitá-lo é uma ampla discussão com pais, professores e alunos e a orientação particular de casos observados.
Nossas crianças, ou a maioria delas está em contato com atos violentos em todas as esferas de seu relacionamento. Comportamentos de pressão, opressão, intimidação, gozação, perseguição são comuns em seu dia-a-dia. Obviamente, nem todos estes acontecimentos podem ser caracterizados como bullying. Alguns episódios esporádicos e brincadeiras próprias de cada faixa etária, mesmo com comportamentos inadequados não trazem conseqüências para a auto-estima das crianças e fazem parte seu desenvolvimento e de sua socialização.
O bullying é um comportamento que é recorrente e causa baixa auto-estima e insegurança em seus atores. Normalmente existem três tipos de envolvidos em uma situação de violência moral: o expectador, a vítima e o agressor.
O expectador é aquele jovem ou criança que vê diariamente as situações de bullying e torna-se inseguro e temeroso. Ele não conta suas impressões por receio de tornar-se alvo ou por ter sido ignorado pelos adultos nas tentativas que fez de comentar certos fatos.
A vítima é aquele jovem ou criança frágil que é frequentemente ameaçado, intimidado, isolado, ofendido, discriminado, agredido, recebe apelidos e provocações, tem seus objetos pessoais furtados ou quebrados. Normalmente mostra-se arredio, demonstra medo ou receio de ir para escola e não procura ajuda por sentir-se indefeso. Ele pode ter baixo rendimento escolar, ficar deprimido, ansioso, ter dificuldades de sono e pesadelos.
O agressor normalmente aprendeu a usar um comportamento agressivo com os adultos para resolver seus problemas. Apresenta um comportamento de intimidação e provocador permanente. Acha que todos devem atender seus desejos de imediato e demonstra dificuldade de colocar-se no lugar do outro. Tanto ele, quanto suas vítimas apresentam dificuldade de relacionamento, são inseguros e sentem pressão em algum momento.
O bullying pode ser causado por outras crianças e jovens, mas pode estar presente na relação de pais e filhos e entre professor e aluno. Alguns exemplos são aqueles adultos que ironizam, ofendem, expõe as dificuldades perante o grupo, excluem, fazem chantagens, colocam apelidos preconceituosos e têm a intenção de mostrar sua superioridade e poder, usando deste comportamento frequentemente.
A medida entre o abuso e um comportamento inadequado é avaliada de acordo com a freqüência e a intensidade que ocorrem. O bullying marca a auto-estima, a personalidade e a vida de uma criança e de um jovem. Muitos jovens que viveram situações de opressão revoltam-se contra seus agressores e contra os expectadores causando verdadeiras tragédias. Outros por se acharem merecedores desta exclusão e concordarem com sua desvalorização tentam ou cometem suicídio. Claro, que estes são casos raros, mas sabidamente este não é um comportamento que surgiu há pouco tempo, desde sempre, o relacionamento entre iguais promove alguns jogos perigosos de poder. Tal problemática tem muitas implicações do ponto de vista da prática educativa, e suas diferentes manifestações têm preocupado de forma especial pais e educadores.
Violência e Educação
Não é de hoje que profissionais da educação, alunos e pais vêm se surpreendendo com problemas de violência entre jovens alunos de classe média. Apesar das preocupações, generalizadas, os olhares dos pesquisadores têm se voltado, majoritariamente, para as manifestações de violência entre jovens das classes populares (Sposito, 1994). Mas afinal o que está acontecendo? E os jovens alunos de classe média?
Enfatizamos que não restam dúvidas de que as diferentes formas de violência estão disseminadas em todos os espaços de atuação humana, mas a idéia corrente mais popularizada é de que elas são muito próprias e circunscritas aos grandes centros urbanos e a jovens da região periférica. E questionamos novamente: e os jovens de regiões centrais? Não praticam também violência? Não usam drogas?
Pesquisas realizadas pela UNESCO com jovens de diversas cidades do Brasil (Brasília, Fortaleza, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) permitiram verificar que, aproximadamente 60% dos jovens na faixa de 14 a 19 anos de idade foram vítimas de algum tipo de violência nas unidades escolares, nos últimos anos.
Em outro estudo, finalizado em 2002, também é verificada a escala de violência que vitima nossa juventude: a taxa de mortalidade, na faixa etária de 15 a 24 anos por causas da violentas, duplicou nas duas últimas décadas. No contexto internacional, índices de homicídios entre jovens são extremamente elevados. Outras informações são ainda mais preocupantes: no plano nacional, 40% das mortes entre jovens devem-se a homicídios. Nas capitais do país, essa proporção se eleva para 47% (Waiselfisz, 2002).
A discussão sobre violência é importante porque é um fenômeno que se desdobra no ambiente da instituição escolar.
Ao analisar o fenômeno da violência, vemo-nos diante de uma série de dificuldades, não apenas porque o fenômeno é complexo, mas, principalmente, porque nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos. A violência se confunde, se interpenetra, se inter-relaciona com agressão de modo geral e/ou com indisciplina, quando se manifesta na esfera escolar (Nogueira, 2003).
Assim, podemos afirmar que a violência em meio escolar no Brasil e mesmo em outros países tanto decorre da situação de violência social que atinge a vida dos estabelecimentos (violência na escola), como pode expressar modalidades de ação que nascem no ambiente pedagógico, neste caso a violência da escola. A violência da escola e a violência na escola abrigam uma série heterogênea e complexa de fenômenos, dentre os quais o bullying escolar (Nogueira, 2003).
Embora não seja um fato novo, não podemos afirmar o crescimento do fenômeno em escala mundial. Podemos apenas dizer que estudos vêm sendo realizados nos mais diversos países, confirmando sua existência em todos os centros escolares, além da frequência, do número de alunos envolvidos, do contexto onde mais incidem e das mais diversas variáveis de interesse científico e acadêmico. Começando com pesquisas na Escandinávia e, em seguida, no Japão, no Reino Unido e na Irlanda, esse estudo da intimidação ou violência moral, vem hoje tendo lugar na maioria dos países europeus, na Austrália e na Nova Zelândia, no Canadá e nos Estados Unidos..
Olweus (1998), pesquisador da Universidade de Bergen, desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema do bullying escolar de forma específica, permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações como incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de amadurecimento do indivíduo. Desse estudo, desenvolvido em escala nacional, se pode calcular que, aproximadamente 15% do total de alunos das escolas de educação primária e secundária, da Noruega, figuravam como agressores ou vítimas (Olweus, 1998).
Uma pesquisa feita em Portugal com 7.000 estudantes mostrou que aproximadamente um em cada cinco alunos (22%) entre seis e dezesseis anos já foi vítima de bullying na escola. A pesquisa mostrou também que o local mais comum de ocorrência de maus-tratos são os pátios de recreio (78% dos casos), seguidos dos corredores (31,5% dos casos) (Almeida, 2003). Na Inglaterra, uma pesquisa da ONG Young Voice e publicada no livro “Bullying in Britain” mostrou que, apesar de existir uma lei que obriga as escolas a prevenir o bullying, os estudantes não estão satisfeitos com os resultados. Segundo Katz (2003), da ONG Inglesa Voice, se os pais mandarem seus filhos reagirem com violência quando sofrerem o bullying, isso só atrapalhará a resolução do problema.
De acordo com a pesquisadora Fuensanta Cerezo (2001), na Espanha, o nível de incidência do bullying se situa em torno de 15% a 20% dos sujeitos em idade escolar, o que vem a confirmar os dados de estudos desenvolvidos em Portugal, como nos outros países da União Européia, apontando índices semelhantes.
Nos Estados Unidos, o bullying é tema de interesse. O fenômeno cresce entre alunos das escolas americanas. Os índices são tão altos, que os pesquisadores americanos classificam como conflito global e que a persistir essa tendência será grande o número de jovens que se tornarão adultos abusadores e delinqüentes (Andrews, 2000).
No Brasil, a ONG (Organização não-governamental) Abrapia – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência, começou a desenvolver no Rio de Janeiro, um projeto com o patrocínio da Petrobras, com 11 escolas públicas e particulares. O objetivo deste estudo é ensinar e debater com professores, pais e alunos formas de evitar que o bullying aconteça.
Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno, que toma, cada vez mais, aspectos preocupantes quanto ao seu crescimento e por atingir faixas etárias inferiores, relativas aos primeiros anos de escolaridade. Estima-se que em torno de 5% a 35% de crianças em idade escolar estão envolvidas, de alguma forma, em atos de agressividade e de violência na escola (Fante, 2002).
Baseado nos dados dos mais diversos países pode-se seguramente afirmar que o fenômeno está presente em todas as escolas de todo o mundo. No Brasil, o bullying ainda é pouco pesquisado, comentado e estudado, motivo pelo qual, não temos indicadores que nos forneçam uma visão global para que possamos compará-lo aos demais países, a não ser dados de alguns estudos.. Encontramos como reflexo de trabalhos europeus, algumas pesquisas sobre o Bullying escolar. Em Santa Maria (RS), o trabalho realizado pela professora Marta Canfield e seus colaboradores (1997) em quatro Escolas Públicas. No Rio de Janeiro, as pesquisas dos Profs. Israel Figueira e Carlos Neto(2000 – 2001) em duas escolas Municipais. Em São José do Rio Preto e região (2000 –2002), pesquisas realizadas junto à quase mil e quinhentos alunos do Ensino Fundamental e Médio em Escolas Públicas e Privadas, pela professora Cleodelice Aparecida Zonato Fante e seus colaboradores.
O quadro aqui apresentado, envolvendo escola, violência e jovens, é apenas um dos componentes da grande galeria brasileira e internacional da violência. Apesar da gravidade e da necessidade de reflexões, são poucos os estudos existentes a respeito do tema. Em levantamento realizado por Nogueira (2003) das teses e dissertações sobre o tema “escola e violência” nos programas de Pós-Graduação em Educação, abrangendo o período de 1990 a 2000, a autora menciona que, dos trinta e seis trabalhos encontrados nesse período, nenhuma das pesquisas teve como objeto de estudo a questão da violência moral ou bullying escolar. Portanto, a necessidade de pesquisarmos este fenômeno e refletirmos sobre o mesmo é imensa.

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BULLYING, O TERROR SILENCIOSO
Uma abordagem sobre o fenômeno
O termo bullying surgiu na Noruega, na década de 80, e é originário da palavra inglesa bully, que quer dizer ameaçar, intimidar, amedrontar, tiranizar, oprimir, maltratar. O primeiro a relacionar a palavra ao fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega. Ao pesquisar as tendências suicidas entre adolescentes, Olweus descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, bullying era um mal a combater.
Embora a denominação seja recente, o fenômeno é mais antigo que a própria escola e se repete continuamente em todo o mundo. Não é restrito a uma instituição específica. Pode ocorrer em escolas de todo o tipo: primárias, secundárias, rurais, públicas ou privadas. Onde há uma criança ou um jovem sofrendo qualquer tipo de pressão psicológica, atitude agressiva intencional e repetida, sem motivação evidente, o fenômeno está presente e precisa ser tratado com a seriedade que merece.
O bullying pode parecer uma brincadeira de amigos pela sutileza com que é conduzido pelos agressores. O que o distingue das brincadeiras próprias do desenvolvimento infanto-juvenil e regras de boa convivência é a crueldade com que é exercido. As vítimas, em geral, são crianças e jovens que apresentam algumas diferenças em relação ao grupo ao qual estão inseridas. Por sua vulnerabilidade, passividade, falta de recursos ou habilidade para reagir, são os alvos mais visados pelos agressores. Os resultados do desequilíbrio emocional que passam a viver os tornam inseguros com relação à auto-estima. Impedidos de pedir qualquer tipo de ajuda, chegam a interiorizar os “castigos” que lhes são impostos, julgando-se merecedores deles. Simulam doenças, que acabam tornando-se verdadeiras, entram em estados depressivos deploráveis e perdem o prazer de viver. O problema, em grande parte dos casos, arrasta-se pelo resto da vida, tornando-os adultos com sérios problemas no trabalho, vida afetiva e social.
Com o avanço tecnológico, outra forma de bullying cresce vertiginosamente. É o “bullying digital”. O agressor ultrapassa os muros da escola e invade a casa do agredido através da internet. Ferramentas como blogs, flogs, chats e e-mails tornam esse tipo de intimidação mais humilhante publicamente. Amplia o universo de gozações e fotos constrangedoras, que passam a circular em um público muito maior. Esse público, por sua vez, testemunha silenciosamente, pois mesmo afetado por esse clima de tensão, torna-se inseguro e amedrontado com o fato de poder se tornar a próxima vítima.
EstatísticasEstudos recentes mostram que 7% a 35% das crianças em idade escolar, em todo o mundo, sofrem com o problema e passam a fazer parte das estatísticas de violência. Em matéria publicada no jornal espanhol El Pais, em 1977, na Grã-Bretanha, o bullying foi o responsável pelo suicídio de 766 menores. Nos Estados Unidos, o fenômeno chegou a ser apontado como a causa principal da morte de 13 alunos da escola Columbine, na cidade de Littleton, em 1999. Na Inglaterra, no começo do ano passado, o suicídio de Jevan Richardson, de 10 anos, foi atribuído ao bullying. O Brasil não fica fora dessas estatísticas. Em janeiro de 2003, o adolescente Edimar de Freitas, de 18 anos, após ferir seis colegas, um zelador e a vice-diretora, suicidou-se, na pacata cidade de Taiuva, interior paulista, após 11 anos de humilhações e sofrimentos na escola. Em fevereiro de 2004, na cidade de Remanso, interior baiano, um adolescente de 17 anos, vítima das mesmas humilhações, matou seu principal agressor (um garoto de 13 anos), a secretária do curso de informática, feriu três pessoas e só não conseguiu suicidar-se, como havia planejado, por ter sido dominado por um colega.
Porém, não são somente os agredidos que merecem cuidados especiais. Os agressores, na sua grande maioria, não cometem os delitos por pura maldade. Precisam ser identificados e tratados. São indivíduos que apresentam problemas psicológicos e sociais, decorrentes de traumas e experiências negativas durante a infância ou juventude. Em geral, sentem dificuldade de relacionamento com outras crianças, gostam de experimentar continuamente a sensação de poder, sofrem ou sofreram humilhações e abusos de toda ordem por parte dos pais ou outros adultos encarregados de sua educação ou cuidados, ou vivem sob constante e intensa pressão para que tenham sucesso em suas atividades. Sem cuidados especiais, podem desenvolver características que os levem à delinqüência e à criminalidade.
Inúmeros programas estão sendo desenvolvidos, por educadores, psicólogos, psicopedagogos e médicos, para a redução do problema, porém há uma unanimidade entre todos: só com união e interatividade família–--escola o mal pode acabar. No que diz respeito à escola, professores e orientadores educacionais devem incentivar e promover discussões sobre o assunto e dar oportunidade para os alunos expressarem seus sentimentos. Profissionais de educação devem ser treinados para que tenham consciência da gravidade do problema, pois, não muito raramente, acabam se envolvendo e, sem perceber, chegam até a reforçar e legitimar a violência, usando apelidos e rindo junto com as brincadeiras alheias.
No caso da família, o apoio deve ser irrestrito, pois é no seio familiar que se inicia o processo educacional. Lembrando a orientação dos espíritos superiores em O Livro dos Espíritos: “A infância é um período de repouso do espírito”. “Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o espírito, durante esse período (infantil), é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”. Emmanuel, no livro O Consolador, orienta que até os 7 anos de idade o espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência e recorda mais vivamente o mundo que deixou para trás, tornando-se, desse modo, mais suscetível de renovar o caráter e moldar novos caminhos.
Segundo a educadora e pesquisadora Tânia Zagury, “a família deve apoiar a escola e trabalhar a questão dos limites com segurança, afirmação ética dos filhos, a não-aceitação firme ao desrespeito aos mais velhos e mais fracos. Deve reassumir o quanto antes o seu papel de formadora de cidadãos, abandonando a postura superprotetora cega e a crença de que amar é aceitar toda e qualquer atitude dos filhos, satisfazer todos os seus desejos, não criticar o que deva ser criticado e nunca responsabilizá-los por atitudes anti-sociais. Enquanto é tempo...”.